Um agricultor me diz: “Você não pode viver só de vegetais, pois eles não fornecem nada para os ossos”; e assim ele dedica religiosamente uma parte do dia a suprir seu sistema com a matéria-prima dos ossos; e, enquanto fala, vai andando atrás de bois que, com ossos feitos de vegetais, vão avançando e puxando aos trancos o homem e o peso do arado, passando por cima de qualquer obstáculo. _ Trecho de Walden, de H. D. Thoreau.
Alguns anos de dieta vegetariana me trouxeram mais saúde, menos inchaço, um hálito natural mais agradável, mais consciência no conteúdo dos pratos e uma coleção de piadas e de tiradas sarcásticas de pessoas que se sentem ofendidas com esta opção alimentar. E na tentativa de refletir melhor sobre o que o meu prato provoca nos outros, compartilho estes pensamentos para que possamos pensar e aprender juntos.
Bem, está claro aqui que o prato, o corpo e a vida que são da minha responsabilidade não dizem respeito às ditas pessoas, certo? Mas também é claro que o emocional delas é abalado pelas minhas opções. E vejam bem, são apenas opções que acredito serem mais saudáveis para o meu corpo e mente, aparentemente, nada agressivo pra ninguém. Então, qual é o ponto?
Acredito que o medo de deixar a cultura do conhecido churrasquinho mexa com as pessoas, pois de fato, é um encontro tradicional que nos traz alegria e boas lembranças, eu mesma tenho inúmeras delas na memória, mas como já comentei lá em cima, as minhas percepções me levaram para outro caminho, que também é repleto de bons momentos, gourmets, inclusive.
Pois bem, cheguei num ponto, no evento afetivo, no churrasco das boas lembranças, no leitinho noturno que traz aconchego, no brigadeiro que tem gosto de festinha de infância. Quem consegue ir contra? Questionar? Perceber que o diabetes, o infarto e o câncer estão à espreita? Experimentar outro meio de vida, com mais saúde, menos crueldade e também repleto de prazer e de diversão?
Isso tudo me faz pensar no monstro das grandes marcas frigoríferas e de lacticínios que vendem aquela carne macia do Boi “Feliz”, ou aquele iogurte cor de rosa que vem dentro de um coração. O que nos parece muito bom já que, aliado à isso, existe a crença de que comer carne é sinal de fartura e que beber leite de outro animal é sinal de bom trato.
Ao contrário do que possa parecer, não fico chateada com as piadas, só lamento por não encontrar aberturas para as pessoas se alimentarem melhor e, para consequentemente, conquistar hábitos mais justos.
Faz pouco tempo que o meu filho nasceu, e desde então tenho me engajado mais com a ideia de melhorar as coisas para essa nova safra de seres humanos e começando com meus hábitos, deixei de consumir leite e ovos.
O meu companheiro diz que temos espírito de adolescente, por não sermos totalmente persuadidos pelo sistema, por cultivarmos uma certa rebeldia e por ainda acreditarmos que dá pra melhorar o mundo. Concordo e gosto da ideia de envelhecer com essa energia de fogo, tão viva. Perceba, não se trata de rigidez, como muitos acreditam, mas de rebeldia e de um pouco de liberdade. E perante isso, posso concluir que ser uma adolescente com experiência de vida é usufruir o melhor dessa fase sem as espinhas, sem as questões existenciais e sem o Coca-cola’s way of life.
No mundo que idealizo, ter um estilo de vida que busca bem-estar individual e coletivo (não só para humanos) não é agressivo e não é uma ameaça para ninguém, pois neste mundo, as pessoas pensam por si mesmas e não se deixam levar pelos comerciais de TV e por padrões importados.
Deixo a minha gratidão à você que leu tudo e um convite para assistir a um pequeno vídeo sobre o assunto (https://www.youtube.com/watch?v=GzS0hSeKVFw), mudar seu estilo de vida se tornar um propagador de ideias que envolvam, nada mais nada menos do que, Amor. ❤